Por Tyr Quentalë
Muitos dizem que Brasília deveria ser a capital da cultura e da música, mas podemos ver que vários artistas de outros estados parecem ter mais destaque no meio cultural do que os brasilienses. Portanto, tendo em mente tal idéia, aceitei a proposta de entrevistar a autora e quadrinista Vivianne Fair que deu o ar da graça no debate ocorrido na Livraria Cultura da Casa Park sobre Mulheres nos Quadrinhos.
B.N.: Pude observar em seu debate que desde nova você sempre se dedicou às artes e à busca de melhorar as áreas que já domina, mas também percebo muitos jovens habilidosos deixando seus sonhos de lado por falta de incentivo. Qual conselho você poderia dar a esses jovens?
Vivianne Fair: Não desistam desses sonhos; tenham sempre em mente seus objetivos e planos. Incentivo raramente vem ou não vem; estude e melhore suas técnicas, mas não fique parado esperando a grama crescer. Busque contatos, divulgação, e não se fixe só nisso, afinal, você tem que ter vários recursos. Pode ter que investir também. Se é o que quer, lute por isso, ninguém vai realizar seu sonho por você.
B.N.: Em se tratando da área de quadrinhos é comum observarmos que se trata de um mundo dominado pelos homens e que ainda é visto como leitura para crianças. Quais são as maiores dificuldades que as mulheres encontram ao apresentarem seus projetos às Editoras?
Viviane Fair: Muitas editoras acham que a mulher não dará conta do que elas têm em mente. Graças a deus nunca encontrei ou não percebi a discriminação; procuro apenas editoras que tem a ver com meu trabalho, mas tem algumas que nunca me responderam. Não sei se isso se deve ao fato de eu ser mulher, mas acredito que não. Infelizmente a HQ é sim, vista como uma leitura para crianças e na maioria das vezes não é o caso.
B.N.: Ainda se tratando de quadrinhos, como o público tem reagido ao perceber que as mulheres também estão ganhando destaque como roteiristas de HQs?
Viviane Fair: Normalmente a reação é arregalarem os olhos e dizer: “VOCÊ? Quadrinhos? Que legal!” E acabam se interessando pela curiosidade, mas normalmente a reação é bem incentivadora.
B.N.: Já na área literária, muitos escritores têm encontrado editoras que estão se abrindo para novos talentos. Em alguns casos o batismo se dá por contos em antologias, e em outros já podemos vislumbrar os livros solos de alguns escritores. Com dois livros no mercado, você diria que esta área está realmente mais aberta ou ainda possui muitas dificuldades a serem superadas?
Viviane Fair: Dificuldades não deixarão de existir, mas sinto que o mercado tem estado mais aberto. Apesar da constante luta de espaço dos autores nacionais em relação aos estrangeiros, se não fossem estes últimos, os nossos jovens talvez não estivessem tão abertos à leitura como estão agora. As editoras agora estão notando o potencial brasileiro, graças aos pedidos desses mesmos jovens. É muito gratificante!
B.N.: A grande problemática de Brasília deve-se ao fato de que a cultura não é tão divulgada quanto os problemas políticos. É necessário ir a locais específicos ou fazer parte de grupos para saber o que anda acontecendo na cidade. Eventos como o debate na Livraria Cultura, noites culturais no T-Bone, mostras de filmes no Cine Brasília e até mesmo espetáculos teatrais e musicais, acabam tendo seu publico reduzido pelo fato da pouca divulgação. Desabafe uma forma de revertermos esse quadro e tornarmos a cultura mais conhecida a todos os tipos de público.
Vivianne Fair: É realmente revoltante. Um povo sem uma cultura ou uma educação de qualidade é um povo dominado. Nosso sistema de educação tem permanecido imutável ao longo dos anos, minha mãe leu os livros que li; assim como meu filho tem sido obrigado a ler os mesmos livros. Não há a menor dúvida que os clássicos são interessantes, mas é realmente necessário ficar só nisso? Fantasia, aventura, atualidades, tudo isso é deixado de fora; os autores que estudamos são os mesmos, os livros invariáveis; sendo que muitos desses autores já se foram. Tudo bem que faz parte da nossa cultura, mas os novos que estão surgindo não fazem parte da cultura da mesma forma? Não é hora de abrirmos um espaço para todos? Os jovens não deveriam ter a opção de dizer o que quer ler ou pelo que se interessa? Já tive que aturar jovens dizendo que ‘livro nacional é ruim’. De quem seria a culpa? Do nosso sistema de educação arcaico e acomodado ou dos jovens que não reivindicam seus direitos? Acho que seria necessária uma divulgação gratuita por parte da imprensa. Comerciais, divulgação, grupos de estudo de livros, de repente até uma matéria voltada para isso nas escolas. Se houvesse tanta divulgação como existe de novelas e coisas voltadas ao consumismo desenfreado ou problemas na política, acredito que o povo teria uma educação melhorada, por buscar ele mesmo sua própria opinião.
B.N.: Pude observar em seu debate que desde nova você sempre se dedicou às artes e à busca de melhorar as áreas que já domina, mas também percebo muitos jovens habilidosos deixando seus sonhos de lado por falta de incentivo. Qual conselho você poderia dar a esses jovens?
Vivianne Fair: Não desistam desses sonhos; tenham sempre em mente seus objetivos e planos. Incentivo raramente vem ou não vem; estude e melhore suas técnicas, mas não fique parado esperando a grama crescer. Busque contatos, divulgação, e não se fixe só nisso, afinal, você tem que ter vários recursos. Pode ter que investir também. Se é o que quer, lute por isso, ninguém vai realizar seu sonho por você.
B.N.: Em se tratando da área de quadrinhos é comum observarmos que se trata de um mundo dominado pelos homens e que ainda é visto como leitura para crianças. Quais são as maiores dificuldades que as mulheres encontram ao apresentarem seus projetos às Editoras?
Viviane Fair: Muitas editoras acham que a mulher não dará conta do que elas têm em mente. Graças a deus nunca encontrei ou não percebi a discriminação; procuro apenas editoras que tem a ver com meu trabalho, mas tem algumas que nunca me responderam. Não sei se isso se deve ao fato de eu ser mulher, mas acredito que não. Infelizmente a HQ é sim, vista como uma leitura para crianças e na maioria das vezes não é o caso.
B.N.: Ainda se tratando de quadrinhos, como o público tem reagido ao perceber que as mulheres também estão ganhando destaque como roteiristas de HQs?
Viviane Fair: Normalmente a reação é arregalarem os olhos e dizer: “VOCÊ? Quadrinhos? Que legal!” E acabam se interessando pela curiosidade, mas normalmente a reação é bem incentivadora.
B.N.: Já na área literária, muitos escritores têm encontrado editoras que estão se abrindo para novos talentos. Em alguns casos o batismo se dá por contos em antologias, e em outros já podemos vislumbrar os livros solos de alguns escritores. Com dois livros no mercado, você diria que esta área está realmente mais aberta ou ainda possui muitas dificuldades a serem superadas?
Viviane Fair: Dificuldades não deixarão de existir, mas sinto que o mercado tem estado mais aberto. Apesar da constante luta de espaço dos autores nacionais em relação aos estrangeiros, se não fossem estes últimos, os nossos jovens talvez não estivessem tão abertos à leitura como estão agora. As editoras agora estão notando o potencial brasileiro, graças aos pedidos desses mesmos jovens. É muito gratificante!
B.N.: A grande problemática de Brasília deve-se ao fato de que a cultura não é tão divulgada quanto os problemas políticos. É necessário ir a locais específicos ou fazer parte de grupos para saber o que anda acontecendo na cidade. Eventos como o debate na Livraria Cultura, noites culturais no T-Bone, mostras de filmes no Cine Brasília e até mesmo espetáculos teatrais e musicais, acabam tendo seu publico reduzido pelo fato da pouca divulgação. Desabafe uma forma de revertermos esse quadro e tornarmos a cultura mais conhecida a todos os tipos de público.
Vivianne Fair: É realmente revoltante. Um povo sem uma cultura ou uma educação de qualidade é um povo dominado. Nosso sistema de educação tem permanecido imutável ao longo dos anos, minha mãe leu os livros que li; assim como meu filho tem sido obrigado a ler os mesmos livros. Não há a menor dúvida que os clássicos são interessantes, mas é realmente necessário ficar só nisso? Fantasia, aventura, atualidades, tudo isso é deixado de fora; os autores que estudamos são os mesmos, os livros invariáveis; sendo que muitos desses autores já se foram. Tudo bem que faz parte da nossa cultura, mas os novos que estão surgindo não fazem parte da cultura da mesma forma? Não é hora de abrirmos um espaço para todos? Os jovens não deveriam ter a opção de dizer o que quer ler ou pelo que se interessa? Já tive que aturar jovens dizendo que ‘livro nacional é ruim’. De quem seria a culpa? Do nosso sistema de educação arcaico e acomodado ou dos jovens que não reivindicam seus direitos? Acho que seria necessária uma divulgação gratuita por parte da imprensa. Comerciais, divulgação, grupos de estudo de livros, de repente até uma matéria voltada para isso nas escolas. Se houvesse tanta divulgação como existe de novelas e coisas voltadas ao consumismo desenfreado ou problemas na política, acredito que o povo teria uma educação melhorada, por buscar ele mesmo sua própria opinião.
Para conhecer um pouco mais sobre a autora dos livros A Caçadora e Cavaleiros do RPG, acesse o site Recanto da Chefa
2 comentários:
Interessante!Viviane é uma pessoa fácil de conversar uma vez que expõe suas ideias de forma simples e clara. Foi o que notei nos eventos os quais nos encontramos.
Tyr Quentalë, como sempre, viva, ácida e perspicaz :D
Muito bonito o teu blog, com certeza voltarei mais vezes, e se desejar da uma passadinha no meu, me sentiria honrado com a sua visita http://joselito-expressoesdaalma.blogspot.com se gostar segue lá
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